Pequeno ensaio produzido pelo acadêmico Jean Teixeira Manoel.
Este ensaio argumentativo apresenta minha percepção sobre as diferentes abordagens do pensamento cartesiano, conforme compreendido a partir do Discurso do Método, de René Descartes (1979), e da perspectiva histórica da ciência, baseada no que assimilei da obra de Kneller (1980), A Ciência como Atividade Humana. Descartes (1979) me levou a refletir sobre a importância da crítica individual para a construção de um conhecimento sólido e racional, enquanto Kneller (1980) destacou para mim o caráter coletivo e histórico do conhecimento científico, desenvolvido através da interação entre pesquisadores. Assim, o objetivo deste ensaio é argumentar, a partir da minha compreensão, que o desenvolvimento do conhecimento científico depende tanto da reflexão individual quanto da colaboração coletiva.
Em um dos trechos do Discurso
do Método, Descartes (1979) distingue dois tipos de "espíritos"
ou mentalidades. O primeiro tipo é o daqueles que acreditam ser mais
habilidosos do que realmente são (Descartes, 1979), como uma pessoa que tenta
resolver um problema complexo sem conhecimento suficiente e, ao se precipitar,
acaba se perdendo. O segundo tipo é o daqueles que reconhecem suas limitações e
preferem confiar nos julgamentos de outros mais experientes (Descartes, 1979),
como alguém que, em vez de resolver um problema sozinho, busca orientação de um
especialista. Ademais, outro ponto central do autor é o desenvolvimento de um
método que possa ser aplicado a diferentes áreas do conhecimento, garantindo
conclusões que não podem ser objeto de dúvidas. A construção desse método se
baseia em quatro preceitos fundamentais: aceitar como verdade apenas o que é
claro e evidente, dividir os problemas em partes menores, conduzir o pensamento
de maneira ordenada do simples ao complexo e revisar todos os aspectos de forma
completa (Descartes, 1979). Observo que esses preceitos sublinham a necessidade
de rigor e de uma abordagem metódica para evitar erros e omissões no processo
de conhecimento.
A leitura de Descartes (1979) nos
faz refletir também que o conhecimento seguro e verdadeiro não é fruto de
intuições rápidas, mas de uma construção paciente, baseada em princípios
sólidos e uma constante revisão. Isso pode ser aplicado diretamente ao desenvolvimento
acadêmico e à prática científica, onde a clareza e a evidência são essenciais
para a solidez das conclusões.
Fonte: https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/origem-e-peculiaridades-da-pesquisa-de-fenomenos-sociais-nas-ciencias-com-o-uso-de-grupos-focais |
Por outro lado, ao ler A
Ciência como Atividade Humana, de Kneller (1980), destaco a citação da
ciência como o conhecimento da natureza e sua exploração, o que envolve
história, métodos de investigação e a participação de uma comunidade de
pesquisadores (Kneller, 1980). Percebi durante a leitura que a ciência é vista
como um empreendimento coletivo e histórico, construído por meio da interação
de comunidades científicas ao longo do tempo. Essa visão me faz lembrar que o
conhecimento não é apenas um esforço individual, mas também depende da
colaboração entre diferentes pesquisadores. Aplicando isso à minha pesquisa
para a elaboração da dissertação, entendo que as entrevistas que pretendo
realizar com os gestores de instituições de ensino não serão uma mera coleta de
opiniões isoladas, mas sim parte de um processo maior de construção coletiva de
conhecimento sobre a formação do aluno. Ao ouvir diversos gestores, conseguirei
capturar diferentes perspectivas que, juntas, podem oferecer um conhecimento
mais completo.
Logo, percebo que a historicidade da ciência revela
que o conhecimento científico é um produto não apenas da lógica e da razão, mas
também das condições históricas e culturais. No contexto de Descartes (1979) e
de Kneller (1980), refleti que ambos os autores abordam a construção do
conhecimento sob perspectivas diferentes, mas de forma complementar. Sob a
minha percepção, Descartes (1979) ressalta a importância da reflexão crítica
individual como fundamento para se alcançar um conhecimento seguro e racional,
ou seja, cada pessoa deve reconstruir suas próprias crenças com base na razão,
evitando suposições não verificadas. Por outro lado, em Kneller (1980), percebi
que a ciência é uma atividade coletiva e histórica, onde o conhecimento se
desenvolve por meio da colaboração entre diferentes pesquisadores e da
construção conjunta de teorias ao longo do tempo. A partir dessas leituras,
entendo que, como pesquisador, preciso buscar um equilíbrio entre a construção
individual do conhecimento e a construção coletiva, pois considero que essas
duas abordagens se complementam.
REFERÊNCIAS
DESCARTES, R.
Discurso do Método. In René Descartes. Coleção os pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, 1979.
KNELLER. A
Ciência como Atividade Humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1980, p. 15-29
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