Pequeno ensaio produzido pela acadêmica Mariana Ribeiro Pires.
Imagine a ciência
como um veleiro navegando
pelo vasto oceano
do conhecimento. As águas são imprevisíveis, repletas de
correntes de informações conflitantes e ondas de dúvidas. A epistemologia, aqui entendida como o estudo
do saber de forma reflexiva
e metódica1, parece surgir como um farol, iluminando o
caminho, ajudando e orientando a ciência em sua jornada contínua de descoberta. Falar de epistemologia é falar de como o conhecimento é construído, e assim temos como a sua principal
questão “como sabemos o que sabemos?2
Sob essa perspectiva, ao utilizarmos a ótica
epistemológica e seus desdobramentos, podemos nos apoiar no conhecimento já
construído e delimitado pela ciência, e assim aprofundar na temática.
Ao analisarmos a forma que o conhecimento é construído, podemos perceber diferentes concepções, dependendo da época histórica3 que foram concebidos e por qual corrente de pensamento estavam inseridos. John Greco em sua obra “The Blackwell Guide to Epistemology”2 apresenta dezessete ensaios sobre temas centrais da epistemologia, cada um de um autor líder na área temática relevante, com o objetivo de tornar o conteúdo mais acessível. Na mesma maneira, buscou-se apresentar de forma sistemática neste short paper (assim como uma carta náutica) as informações já construídas de outros autores para nos guiarem no entendimento e melhor roteiro para o descobrimento das formas do conhecimento, servindo como um guia de consulta para aprofundamentos:
Problemas Tradicionais: - formulação tradicional - “Grandes Questões” da teoria
do conhecimento. |
|
Ceticismo |
Michael Williams |
Realismo, Objetividade e Ceticismo |
Paul K. Moser |
O que é conhecimento? |
Linda Zagzebski |
Fundacionalismo e Coerentismo |
Laurence BonJour |
Natureza
da Avaliação Epistêmica: diferentes aspectos da questão "O que
é Conhecimento?" - examinam mais de perto várias dimensões da
normatividade epistêmica, ou o tipo de normatividade relevante para a
cognição |
|
Internalismo e
Externalismo |
Ernest Sosa |
![]() |
Epistemologia Naturalizada |
Hilary
Kornblith |
Contra a epistemologia naturalizada |
Richard Feldman |
Contextualismo |
Keith DeRose |
Racionalidade |
Keith Lehrer |
Variedades de Conhecimento: “O que podemos saber?”- possibilidade de conhecimento
perceptivo, conhecimento a priori, conhecimento moral e conhecimento
religioso |
|
Conhecimento Perceptivo |
William Alston |
Um conhecimento a priori |
George Bealer |
Conhecimento Moral e Pluralismo
Ético |
Robert Audi |
Epistemologia da
Religião |
Nicholas Wolterstorff |
Novas direções: algumas tendências recentes na epistemologia |
|
Epistemologia Feminista |
Helen E. Longino |
Epistemologia Social |
Frederick Schmitt |
Epistemologia e Inteligência Artificial |
John L. Pollock |
Pós-modernismo e epistemologia no
continente |
Merold Westphal |
Apesar de vasto o conteúdo sistematizado na tabela
acima, ele não se esgota quando tratamos da conceitualização de epistemologia e
suas relações. Jassipau1, por exemplo, apresenta cinco conceitos
distintos ao tratar de epistemologia: global (geral), que se refere ao
saber considerado globalmente, abordando a virtualidade e os problemas
inerentes à organização desse conhecimento, tanto em termos
especulativos quanto científicos; particular, que se concentra em um campo específico do
saber, seja ele especulativo ou científico; específica, que analisa disciplinas intelectualmente construídas com unidades bem definidas de saber; interna, que realiza uma
análise crítica dos procedimentos de conhecimento utilizados em uma disciplina,
com o objetivo de estabelecer seus fundamentos e por fim a derivada, que
diferentemente da interna,
visa analisar a natureza dos procedimentos de conhecimento de uma
ciência não para fornecer-lhe um fundamento, mas para compreender sua essência.
Em síntese, a epistemologia nos convida e nos mostra
como vieram e as formas de navegar entre as profundezas do conhecimento,
passando por oceanos nem sempre facilmente navegáveis, e até mesmo por
desconhecidas correntes intelectuais. Nem sempre o marinheiro tem certeza do
rumo que deve seguir será a boreste ou bombordo, e pode estar aí a graça e da
navegação e o que o levará a novas descobertas.
1 JAPIASSU, H. Alguns instrumentos conceituais. O que é a epistemologia? In: Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991, p. 15-39.
2 GRECO, J. Introduction: What is Epistemology? The Blackwell Guide to Epistemology. Massachussets/Oxford: Blackwell Publishers Ltda, 1999, p. 1-33
3 TSOUKAS, H. & CHIA, Introduction: Why philosophy matters to organization theory? In: TSOUKAS, H. & CHIA, Philosophy and Organizational Theory. Bingley: Esmerald. 2011, p. 1-22.
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